sábado, 21 de agosto de 2010

Aos alunos do 6º ano da Escola Afonso Pena



Partes da carta de Caminha ao rei....

Depois de viajar muitos dias apareceram os primeiros sinais de terra. Era o dia 22 de Abril. Avistamos um monte alto e redondo. Ele foi chamado Monte Pascoal porque era a semana da Páscoa.
No outro dia, logo de manhãzinha, as embarcações chegaram mais perto da terra. Lá estavam alguns homens. Eles não eram brancos nem negros. Eram de cor parda. Andavam nus e estavam armados com arcos e flechas.
Um barco foi á terra para conhecer melhor essa gente. O barco não conseguiu chegar porque as ondas eram muito fortes. Os nossos homens jogaram alguns presentes para os homens que estavam na terra. Eles também jogaram presentes para os nossos homens.
No dia 24 de Abril fomos todos visitar a terra e conhecer melhor as pessoas do lugar. Eles pintam o corpo com uma tinta vermelha. Raspam as sobrancelhas, os cílios e a parte da frente da cabeça. Pintam a testa com faixas pretas.
As casas onde moram essas pessoas são grandes. Em cada casa vivem trinta ou quarenta pessoas. As casas são feitas de madeira e cobertas de palha. Dentro delas não há divisão. Apenas pedaços de madeira onde se prendem redes para dormir.
Parece que na terra não se planta nem se criam animais. Não há bois, nem vacas, nem ovelhas, nem galinhas por perto. As pessoas comem o que colhem das árvores.
No dia 24 de Abril toda a esquadra chegou mais perto da terra. Para ancorar as embarcações, foi encontrado um porto bom e seguro. O local foi chamado Porto Seguro.
Alguns homens da terra vieram conhecer o nosso capitão Pedro Álvares Cabral. Eles faziam gestos e falavam muito. O capitão não conseguia entender o que eles diziam.
No dia 26 de Abril foi feito um altar numa pequena ilha que havia por perto. Era domingo de Páscoa e Frei Henrique de Coimbra rezou a primeira missa na nova terra.
No dia 28 de Abril fizeram uma cruz com a madeira que havia no lugar. Os moradores da terra ficaram espantados. Eles não conheciam o machado de ferro.
No dia 1º de maio Frei Henrique de Coimbra rezou a segunda missa. Os habitantes da terra acompanharam a cerimonia com muito respeito. A cruz de madeira foi colocada para confirmar o descobrimento da nova terra.
Ate agora não pudemos saber se na terra há ouro, prata ou ferro. Ela é grande e tem muitas árvores. A terra é bem formosa.

Beijo as mãos de Vossa Alteza
Pero Vaz de Caminha

Obs. Adaptação livre da carta de Pero Vaz de Caminha





Primeira Missa no Brasil, de Vitor Meirelles