quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Imagens de Frans Post do nordeste brasileiro


É considerado o mais importante artista neerlandês a serviço de Nassau na comitiva que o acompanhou ao Nordeste do Brasil em meados do seculo XVII. Chegou ao Brasil em 1637, com 24 anos de idade, e tomou parte em diversas expedições, com o objetivo de montar uma grande coleção de desenhos com motivos brasileiros para o seu mecenas. Enquanto esteve no Brasil, Frans acompanhou o Governador em suas campanhas e teve residência no Palácio das Torres. Dos seus trabalhos no Brasil, o mais importante depoimento é, contudo, o livro famoso para o qual Frans Post desenhou numerosas vistas de portos e fortificações, do Maranhão à Bahia. Embora datados de 1645, ou seja, depois do seu regresso à Europa, mostram tal segurança e exatidão topográfica que deixam bem claro terem sido copiados de telas ou esboços feitos ao natural. Da sua estadia no Brasil só existem seis quadros. São as vistas de Itamaracá, de Porto Calvo, do Forte dos Reis Magos, do rio São Francisco e da ilha de Antônio Vaz. Um sétimo quadro é mencionado em catálogos de leilões do século XVIII, correspondendo à prancha do Palácio das Torres. Mas são nos quadros do Frans Post que temos as melhores imagens das origens da casa brasileira; uma adaptação da casa rural portuguesa.


Características das casas pintadas por Frans Post
- homogeneidade das casas
- andar térreo fechado em parte.
- andar de cima com varanda, com abertura no corpo da casa em vez de varanda.
- planta quadrada ou retangular.
- eventuais galpões de madeira.
- eventuais torres laterais (casas-fortes dos primeiros colonizadores)
- ausência de vidro nas janelas.
- casas principais cobertas com telhas.






As primeiras áreas de ocupação e conquista do território brasileiro surgiram no nordeste como áreas de exploração açucareira e esse era o principal interesse português no Brasil, que se constituiu a partir da Companhia das Índias Ocidentais com a administração deNassau.

domingo, 13 de setembro de 2009

A vida nas senzalas



Os colonos portugueses costumavam interpretar a cultura africana com um olhar racista. Dessa forma eram vistos como seres inferiores, incapazes de estabelecer laços familiares estáveis e duradores. Muitas das praticas culturais dos escravos eram consideradas indecentes, extremamente sensuais e libertinas. Pois acreditavam que esses comportamentos resultavam do fato de os africanos virem de uma sociedade primitiva. Foi nas senzalas que os africanos reconstruíram o seu modo de viver. Vários africanos procuravam estabelecer uma união conjugal, pois isso significava a possibilidade de repartir com um companheiro as dificuldades do dia-a-dia e a falta de liberdade.
Os casados podiam viver separados dos outros cativos, fosse num cômodo separado dentro das senzalas ou construindo uma pequena moradia nas terras da fazenda.
Longe da vigilância constante do senhor, o casal podia preparar refeições extras com a pesca e a caça de animais silvestres, armazenarem comidas e objetos e também fabricar pequenos utensílios. Muitos escravos casados conseguiam conquistar o direito de cultivar uma pequena roça particular e mesmo criar animais de pequeno porte, como porcos e galinha.
Habitação de negros, obra de Johann Moritz Rugendas, sec.XIX

Familia de fazendeiros,
gravuras de Jean -Baptista Debret, 1835




Uma sociedade em movimento




Ao desembarcar na America, o africano imediatamente assumia a condição social mais baixa que existia na colônia: a de escravo. Não fazia diferença se na África ele tinha sido rei, príncipe ou agricultor. No extremo oposto dessa condição social estava os seus senhores, vindos da Europa ou nascidos na America.
No inicio do sec. XVI, Portugal era considerado na Europa, como uma das principais potencias; embora fosse pequeno em território e contasse com uma população minúscula. Ainda assim, esse contingente precisava ser dividido entre todas as novas conquistas ultramarinhas, pois a ocupação dessas terras era a forma de garantir a posse. Então, para o Brasil veio todo tipo de gente, de degredados ate ricos senhores.
Para o colono português, a família tinha um significado fundamental, pois viver em família garantia ao individuo uma condição social digna permitindo a ele, nutrir expectativa de progredir, ou seja, de acumular riquezas.
A casa foi à principal expressão da família. É a casa-grande foi à expressão máxima de prestigio e sucesso na economia colonial.
(...) as casas seriam, mesmo as dos grandes senhores, simples, pobres, acanhadas e vazias de objetos. Somente no decorrer do sec. XIX a riqueza passou a ser espelhada no formato e no interior das residências. (....). Foi também nesse século que o habito de usar talheres, considerado sofisticado, passou a ser usado. Antes se comia agachado ou acocorado no chão usando as próprias mãos.
(...) Na colônia, a ostentação do poder e prestigio estava na propriedade de escravos, no volume de sua produção, na riqueza dos trajes e complementos, inclusive de cativos e de arreios dos animais de montaria, quando se encontravam em espaço publico. (...) FARIA, Sheila de Castro. Nossa Historia, ano 2, n.16, fev.2005, p.60.
Nesse texto podemos perceber que o requinte e opulência atribuídos ao modo de vida dos senhores colônias do Brasil, não foram encontrados ao se realizar pesquisas mais profundas.
Nessa sociedade rural, a casa-grande era o centro da vida cultural e social. Comandada de forma absoluta pelo senhor de engenho, ali se realizavam as mais diversas atividades doméstica, cerimônias religiosas e as festas. Em seu interior conviviam de forma intensa os mais diversos personagens: parentes, trabalhadores livres, filhos ilegítimos, agregados de diversas naturezas e, os escravos domésticos.





quarta-feira, 9 de setembro de 2009

O processo de produção açucareira


A produção do açúcar era bastante complexa e envolvia muitas etapas. Em todas elas havia a utilização da mão-de-obra escrava, supervisionada, em geral, por trabalhadores livres especializados. Inicialmente o terreno era limpo com a derrubada da mata. Nesse solo desmatado, abriam-se as covas onde eram enterradas as estacas de cana para germinar. Os primeiros brotos apareciam entre 10 e 15 dias; mas a primeira safra demorava ate um ano e meio para ficar no ponto de ser colhida.
A cana era cortada, amarrada em feixes e transportada em carros de boi para a casa do engenho, onde ficava a moenda. Grandes cilindros de madeira, acionados por tração animal (engenho de trapiche) ou por força hidráulica(engenho real) moíam a cana para se extrair o caldo.
Esse caldo era fervido por horas nas fornalhas, sob a supervisão do mestre de açúcar; que acompanhava todo o processo, auxiliado por trabalhadores especializados, livres ou não.
Quando atingia o ponto certo, o melaço era posto para purgar em formas de barro, ou seja, a água era despejada lentamente sobre essas formas para clarear o açúcar, livrando-o das impurezas. Depois de purgado, os “Paes de açúcar” (assim chamados devido ao formato das formas serem igual à forma dos Paes que se fazia na época) eram separados por tipo (claro, escuro ou mascavo), triturados, encaixotados e pesados. Em seguida, eram embarcados rumo a Europa.

Engenho em Pernambuco. Desenho de Frans Post

A economia açucareira

Muitas atividades econômicas foram praticadas na America portuguesa durante os dois primeiros séculos de colonização. A produção de açúcar foi a mais importante. A escolha desse produto se deu pela experiência já adquirida nas ilhas do Atlântico e a ajuda de investimentos dos banqueiros europeus. Alem disso, havia terra farta na nova colônia, onde o açúcar podia ser produzido em larga escala.
A cana-de-açúcar foi plantada em todas as capitanias, mas só prosperou na faixa litorânea do Nordeste; devido o tipo de solo, clima úmido e quente, pela existência de rios navegáveis que facilitavam o transporte e também pela maior proximidade da metrópole.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Mudança para o novo Mundo

Um começo é sempre difícil, seja de um trabalho, de uma carta, de uma decisão ou mesmo de um novo caminho escolhido. Temos a idéia na cabeça e uma esperança que tudo vai dar certo. O medo perturba, pois sabemos que toda escolha vem acompanhada de conseqüências e são essas conseqüências que são determinantes nas nossas escolhas. Assim também foi com a família real portuguesa, no ano de 1808; quando por forças napoleônicas tiveram que transpor o Atlântico em busca de um novo começo, longe das ameaças da França, longe dos objetos e amigos; pois nem tudo e todos podiam vir. Havia duvidas, medos, interesses, conselhos; tudo foi pesado para se chegar à decisão final, aquela que repercutiria para sempre no povo brasileiro.

Temos que acreditar que cada dia será realmente um novo dia e não simplesmente uma repetição do ontem. Assim como a família real, que se deixou levar pela necessidade de transplantar no Brasil o reino português, devemos acreditar e confiar que mudanças são necessárias. Não fazendo resistência a elas, mas acreditando que quando a “poeira passar” vamos perceber que o melhor que poderia acontecer naquele momento, foi o movimento que fizemos. O mundo está sempre em movimento, mas só percebemos quando saímos do nosso.